Por que pensar teologia crítica e libertadora a partir de baixo?
Por uma teologia a partir de baixo:
Crítica, liberdade e compromisso
Fazer teologia a partir de baixo não é apenas um gesto metodológico — é uma postura ética, uma escolha espiritual, uma decisão política.
É recusar o olhar do palácio e assumir o ponto de vista do chão.
É desconfiar das certezas dogmáticas e preferir as perguntas feitas com os pés sujos de barro.
É pensar o sagrado não do trono, mas da beira do poço, da prisão, da vila, da beirada da estrada.
No Laboratório de Teologia, nossa proposta é justamente essa: construir uma teologia crítica, libertadora, profundamente comprometida com a vida real. Aqui, os textos não buscam defender sistemas. Buscam ouvir feridas. Pensar com as dores. Falar com quem não tem voz nos púlpitos, mas tem corpo nos campos e nas ruas.
Uma teologia crítica
Crítica não no sentido de destruir por destruir, mas no sentido mais nobre da palavra: examinar, analisar, questionar, buscando fidelidade ao texto, ao contexto e à vida.
A teologia crítica é aquela que desconfia dos absolutos impostos e escuta o grito dos que não cabem nas doutrinas.
Ela não romantiza o martírio, mas denuncia os sistemas que o produzem.
Ela não foge do conflito — caminha com ele até que a justiça seja possível.
Uma teologia livre
Livre de instituições que reduzem o Evangelho a projeto de poder.
Livre do literalismo que aprisiona a poesia da revelação.
Livre da teologia de mercado, que transforma o divino em mercadoria.
Mas também livre para amar com radicalidade.
Livre para acolher sem catequizar.
Livre para afirmar: Deus prefere a compaixão ao culto, o abraço à doutrina, o cuidado à pureza.
Uma teologia comprometida
Porque teologia que não se compromete com a vida — é ideologia.
Teologia que ignora a fome — é discurso vazio.
Teologia que não treme diante da dor do outro — é barulho de símbolo batendo no chão.
Aqui, pensamos teologia com a Bíblia na mão e os olhos na periferia.
Pensamos com Bonhoeffer, Rubem Alves, Ivoni Reimer, Leonardo Boff, Tillich, Fiorenza, Bauckham.
Mas pensamos também com as vozes populares, com as mães de luta, com os corpos dissidentes, com as comunidades que sustentam a esperança contra o absurdo.
Conclusão
Teologia a partir de baixo é uma escolha de lugar.
É a recusa a fazer teologia “sobre” os outros — e o compromisso de fazer teologia com os outros.
E talvez, no fim das contas, seja isso o que Jesus fazia:
falava com os de fora, comia com os impuros, pensava com os pequenos.
Não teorizava o Reino — encarnava-o.
E isso basta para sabermos de onde queremos falar.
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